Nos últimos anos, tenho sentido o peso das mudanças políticas ao redor do mundo, e parece que a direita extremista está em todos os lugares, determinando o curso dos acontecimentos de forma implacável. A eleição de Jair Bolsonaro em 2018 foi um marco trágico para o Brasil, uma virada que trouxe retrocessos sociais e ambientais. Foi um golpe na esperança de um futuro mais justo.
Quando 2020 trouxe consigo a pandemia de COVID-19, minha visão do mundo ficou ainda mais sombria. Decidi buscar novos ares e passar alguns meses na Itália, um país que sempre admirei pela sua cultura e história. Porém, ao chegar lá, deparei-me com um cenário desolador: Giorgia Meloni, representante de uma direita populista e ultraconservadora, avançava com políticas que tiravam direitos das minorias. Era como se, a cada passo, eu estivesse fugindo de um espectro que insistia em me acompanhar.
Depois de três meses na Itália, escolhi a Argentina como próximo destino, acreditando que talvez lá encontrasse algum alívio. Contudo, dezembro de 2023 trouxe outra reviravolta devastadora: o início do mandato de Javier Milei, cujas ideias extremistas prometem desmantelar ainda mais os direitos e conquistas sociais.
Esses acontecimentos não são isolados; eles são partes de um movimento global que me assusta profundamente. A ascensão de líderes autoritários e a normalização de discursos de ódio indicam que o mundo está mudando para pior. A humanidade, ou melhor, aquilo que chamo de “homo sapiens fascista”, parece estar em uma trajetória de autodestruição.
Minha sensação é de impotência diante dessa onda conservadora que ameaça não apenas minorias, mas o próprio tecido social e o meio ambiente. É difícil não sentir que estamos caminhando para um colapso, alimentado pela intolerância, pela ganância e pela falta de empatia. O futuro depende de resistirmos, mas confesso que, às vezes, me pergunto se será possível virar essa maré.
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